quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Namore alguém que



Não precise te namorar
Pra te fazer sorrir

Não precise se declarar
Pra conversa fluir

Namore alguém que
Só queira estar ali.

Namore os ouvidos que te escutam
Sem pretensão

Abraça os braços que te acolhem
Sem segunda intenção

Se entregue a quem queira
Sentir sua dor
E não você.

Namore alguém que
Não precise de namoro
Pra ser.



Tamara Smiderle

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Siga



Se decida
E trate de seguir.

Não há nada atrás para voltar e buscar
Se o que está lá é a razão do partir.

Não se apegue à ferida que dói
E se sente.

Ao fogo que arde e te queima.

A porta que abre,
Mas mente.

Se decida!!!
E siga

Que o ontem já não é lar
Não é jardim pra se cuidar
É só uma roupa que te aperta.

Se decida
E se liberta

Desse cinza estonteante
Que o futuro não está na estante
O futuro não está no passado.

Então siga
Que o futuro é embarcação

Para mares verdejantes
Nunca dantes navegados.



Tamara Smiderle

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Presença da sua ausência


Decidiu um adeus e se foi
De verdade.
Por um pouco ou muito, não importa.
Sem você,
Um momento é eternidade.

Meus olhos te viam na proa
Dia após dia
Mas receio que você se gravou em mim.

Se a comida faltava, eu repunha
Se a canoa não surgia, eu supunha
Se a ausência apertava, eu te via
Bem ali.

Mas o tempo, pai, passou de repente
Levando com o rio
Todo vigor da gente
Assim como te levou.

Então na tua ausência, eu me ausento
À margem daquele rio, de mim mesmo escapo.
Não ouço nada, nonada, eu nado.


Tamara Smiderle
Rafaela Costa
Laís Barros
Géssie Justo
Bianca Batista
Michelle Viana
Brenda Marci

Inspiração: A terceira margem do rio - Guimarães Rosa <3 p="">

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Desteoria


Este poema que escrevo
Em que me abro
No qual me esmero
Só é sobre mim
Para mim

Mas é sobre você
Que me lê
Sobre suas dores
Seus momentos

Não estude sobre mim
Você que não me vê
Não olhe para mim
Senão como um espelho
Que reflete seus poros
E suas flores

Gaste estas linhas
Se podando
Se adubando
O máximo que puder

Pois quando acabar
E outro o ler
Eu e você
Já éramos.


Tamara Smiderle.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

A que por enquanto


Entre um ponto e uma vírgula,
Entre um sim e um não,
A que por enquanto se encontrava.

Cabelos longos
E uma fé intacta,
Ela movia as montanhas
E as retornava.

Compra o pão
E muda de ideia.

Ela quer plateia,
Quer solidão.

A que por enquanto é um ponto de indecisão.

E decisões,
Todas de uma vez.
O filósofo descreve,
Nela não há sensatez.

Capuz vermelho na cabeça
E um laço verde na mão.

Entre a morte e a esperança,
Ambas lhe soam não tão bem.

Se há lobo ou não,
Não importa.
Não há porta,
Que a faça sair dali.

No fim,
A que por enquanto está dentro de você e de mim.

O amor no verbo ser


O amor é a brisa,
É o canto dos pássaros,
É o silêncio da noite
E o entrelaçar de mãos.

O amor é o mundo,
E quem enxerga a fundo,
Vê que tudo foi criado em intensa paixão.

O amor é você se encantando com a lua,
E a lua, por sua vez, apaixonada pelo mar.

O amor é um relógio quebrado,
Um par de olhares abraçados,
É um eterno convite para dançar.

O amor é o encontro das águas.
O mágico doce com salgado,
Enquanto o rio vai virando mar.

O amor une perfeitamente,
E, discretamente, ele sempre é.
Enquanto o resto simplesmente está.


Tamara Smiderle

A faculdade da dor


Escrever não é profissão,
Não é um hobby
E não é privilégio.

Escrever é uma fuga,
Um esconderijo,
Um alento,
Uma expiação.

Escrever é uma dor,
Uma saudade,
Um desabafo da solidão.

É a saída de emergência quando o dia sufoca,
E nenhum salário pode a "rotinizar".

É o descanso das olheiras,
Dos traumas e das besteiras,
É um poético convite a sonhar.

Mas meu futuro é a engenharia,
Matemática e altimetria,
E todas essas coisas que não se devem entender.

Meu futuro é qualquer coisa
Que me esmague até a sorte,
Que me faça voltar a escrever.




Tamara Smiderle